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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Liberdade



Há um exótico cheiro de loucura no ar. O sangue se encontra espalhado por toda parte, até que enfim as paredes velhas foram pintadas. O piso molhado há muito sem lavar, cheira à ferrugem. Encostado na parede está o cárcere e de seus pulsos vertem pequenos rios. A faca foi carinhosamente depositada no chão. A vida se esvai como um gotejar lento. A dor final é quase etérea. E é também a única coisa que realmente o fez se sentir vivo.
Enfim alguma esperança, ainda que tardia.Se soubesse que seria assim, teria feito antes, muito antes. Pouco a pouco a iluminação vai sumindo, devagar a visão se escurece. A sinfonia cardíaca diminui seu compasso. O pulmão ainda se enche de por mais uma vez.Seu sangue corre sem pressa rumo ao chão.
Delírio... o doce delírio do além. Então sua boca se abre, e por seus lábios ressecados saem seu último sopro. O corpo está vazio. O espírito foi embora, e sem clamor.
Mais um homem no esquecimento, porém mais uma alma livre.