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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Há metafísica bastante em não pensar em nada

Poesia "Guardador de rebanhos , parte V",de Alberto Caeiro, um dos heteronimos de Fernando Pessoa.

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

AVISO

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Por que sou cristão?

O texto abaixo é do blog Idéia Biruta,como não tenho tido muito tempo e nem paciência pra escrevr aqui,resolvi postá-lo.Eu até já o tinha mencionado em um outro post. No momento eu tenho 4 textos começados, assim que possível postarei-os.
Sendo você de qualquer (não-)religião, leia-o assim mesmo, vale a pena.
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Tentando esclarecer o que seja o cristianismo quero fazer algumas perguntas aos cristãos (os não-cristãos podem pular as perguntas):
  1. Caso você descobrisse que Jesus na verdade era um negro de cabelo enrolado; isso mudaria sua fé?
  2. Caso você descobrisse que Jesus nunca transformou água em vinho, ou fez qualquer dos outros milagres citados na bíblia; isso mudaria a sua fé?
  3. Caso você descobrisse que Jesus se casou com Maria Madalena, ou qualquer outra mulher; isso mudaria sua fé?
  4. Caso você descobrisse que Jesus na verdade não chegou a morrer na crucificação, e portanto não ressuscitou; isso mudaria a sua fé?
  5. Caso você descobrisse que a mãe de Jesus não morreu virgem, e nem mesmo era virgem quando ele nasceu; isso mudaria a sua fé?
  6. E agora a mais pesada de todas: Caso você descobrisse que Jesus nunca existiu em carne e osso, mas que era apenas um personagem fictício; isso mudaria a sua fé?
Se você respondeu afirmativamente a qualquer das perguntas que fiz, sinto informá-lo mas você não é cristão, é só alguém que acredita em uma certa história, (ou estória, confesso que não sei).
Tudo bem, já imagino que você está me xingando e perguntando “Se ser cristão não é exatamente acreditar nessa história, então o que esse biruta vai querer me convencer que significa ser cristão?” Se você parar de me xingar por um instante eu respondo.
Ser cristão significa acreditar que o único caminho para salvação (não só da alma individual, mas da própria espécie humana) é o amor a todos os seres humanos, independentemente de crença, raça, sexo, nacionalidade, idade, ou qualquer outro tipo de classificação que já tenha existido, exista, ou venha a existir. O resto, e nesse resto se inclui inclusive a existência ou não desse Jesus que a bíblia descreve, é apenas curiosidade histórica que nada tem a ver com o ensinamento que constitui a verdadeira religião.
Acho que agora poderão entender por que eu sou e continuarei a ser cristão independente do que eu acredite ou não como fato histórico e científico. Religião não tem nada a ver com história!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Do geo ao egocentrismo



Durante muito tempo acreditou-se que a Terra fosse o centro do universo e que tudo orbitava em volta dela (planetas, estrelas...). Os homens defenderam essa teoria com unhas e dentes, proibindo, censurando e inclusive matando quem protestasse contra essa idéia (Galileu que o diga,quase foi nessa brincadeira).
Depois foi comprovado com a teoria heliocêntrica, que era a Terra quem girava em volta do Sol. E não o contrário como muitos pregavam. Hoje sabemos que o Sol é o Centro do Sistema Solar, mas não o Centro da nossa galáxia, a Via Láctea, e tampouco é o centro do universo.
Hoje, nós estamos vivendo nossas vidas corridas, alheios ao heliocentrismo ou ao derrubado geocentrismo. Mas ainda tomamos atitudes tão geocêntricas quanto antigamente, só que de uma forma um pouco mais mesquinha. Essa forma é hoje denominada de egocentrismo. E o seu conceito é um pouco pior que a sua forma anterior parecida, pois antigamente imaginávamos a humanidade como o centro do universo. Por outro lado hoje imaginamos o “eu”, o “ego”, (não importa a nomenclatura, use a que preferir) como o centro de tudo. O homem pensa que o mundo, a galáxia, o universo, Deus (se você acreditar), que tudo gira em torno em volta de seu pequenino umbigo.
Isso é humano, mas esse egocentrismo tem trazido atitudes nada positivas em relações aos outros, é umas das causas de coisas como o preconceito, a violência e sua irmã guerra, a intolerância, enfim é uma família bem grande.
Assim como o geocentrismo foi derrubado e comprovado como uma teoria equivocada, devemos encontrar a teoria que comprove que o egocentrismo não deve ser dominante.
Para isso, há um caminho, um método, esse método já foi ensinado por muitos. Muitos também dizem já ter ouvido falar, mas quanto aos que praticam, esses são menos da metade. O método é se lembrar do “tal do próximo” quando for fazer alguma coisa que tenha uma conseqüência (sempre têm conseqüência, seja ela forte ou fraca, instantânea ou tardia, em você mesmo ou em outro, a regra é clara). E se colocar no lugar dele sendo atingido por ações destrutivas, ou quase isso. Acredito que essa teoria deva se chamar “Fraternohumanismo”.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Fator deus

José Saramago

Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderá “ver” cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes.

Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha uma manchete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na Segunda, desta vez há uma Segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro.

Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras.

Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova York. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-na abaixo. Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.

As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são-nos mostradas no próprio instante da tortura, da agônica espectativa, da morte ignóbil. Em Nova York tudo pareceu irreal ao princípio, episódio repetido e sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mas limpo de estertores, de jurros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos triturados, de merda. O horror, agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefação para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez “aqui estou” quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, uma chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdômen desfeito, um tórax espalmado. Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele ruanda-de-um-milhão-de-mortos, daquele Vietnã cozido a napalme, daquela execução em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atômicas que arrasaram e calcificaram Hiroshima e Nagasaki, daqueles crematórios nazistas a vomitar cinzas, daqueles caminhões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse. De algo sempre haveremos de morrer, mas já perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas, sem exceção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos Ter a coragem de proclamar em todas as circunstancias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar. Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel. Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os talebanes, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conúbio pactuado entre a religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito de dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.

E, contudo, Deus esta inocente. Inocente como algo que não existe, que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado o universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gêmeas de Nova York, e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela ação do homem, cobriram e teimam em cobrir de terror e sangue as páginas da história. Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o “fator Deus”, esse, está presente na vida como se efetivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um deus, mas o “fator Deus” o que se exibe nas notas de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos, não a outra...) a bênção divina. E foi o “fator Deus” em que o deus islâmico se transformou, que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações. Dir-se-á que um deus andou a semear vento e que outro deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres deuses sem culpa, foi o “fator Deus”, esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sólidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir Ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta.

Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnação que estas palavras provavelmente lhe inspiraram, não que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento de não poder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do “fator Deus”. Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. .
Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Diabo como você nunca viu

O Diabo, não sei se acredito nele, às vezes não. O Diabo por definição seria a personificação de todo o mal. O que me pergunto é se ele(Diabo) não foi criado pelos homens, à fim de redimir suas próprias culpas.

O homem têm uma necessidade inconsciente(as vezes sim, as vezes não) de culpar os outros pelos seus próprios problemas. Então diante disso me tenho me perguntado: Seria o Diabo real, ou apenas um espantalho?

Na verdade, essa resposta se faz ineficaz, e no fundo pouco importa. Se você acredita que o Diabo existe , tome cuidado e não faça o que ele(Diabo) quer.

Mas se você acredita que ele é apenas uma marionete e que é usado para ser culpado de toda maldade que é natural (ainda que inconsciente) do ser humano. Então de certa forma o diabo existe, ele não é um espírito muito malvado que tudo destrói, ele é o ser humano.

Como eu disse , tanto faz, se o Diabo é um demônio (um capetão malvadão, de pele vermelha, com chifres que cuspa fogo e que gosta de possuir as pessoas) ou se ele é uma forma do homem fugir de suas responsabilidades e botar a culpa em outro por seus próprios atos.

O fato é que a Maldade está aí, nas ações dos homens, não precisa nem procurar exemplos, é só ligar a TV num noticiário qualquer, e com certeza você vai saber do que estou falando. E é esse mau que nós devemos reprimir ( não é a palavra ideal, mas não encontrei uma melhor...).

Muitas vezes fazemos o mau sem saber , outras vezes não, então a partir de hoje preste mais atenção no que você faz e acima de tudo, faça o seu melhor praticando o bem.

sábado, 28 de maio de 2011

O Pálido ponto azul (partes 1 e 2)

Depois que eu passei a pesquisar mais sobre astronomia, eu percebi que ela me ensinou muito sobre humildade.Ela nos mostra o quão o universo é grande, e nós pequeninos. Mas que mesmo dentro da nossa pequenez ainda assim somos muito e podemos ser muito mais.

Compartilho então com vocês esses vídeos que corroboram com o que penso. Vídeos narrados pelo lendário Carl Sagan.

Nós estamos aqui: O Pálido Ponto azul




O Pálido ponto azul 2